Marcelo Roque fala dos desafios de assumir a Prefeitura de Paranaguá

Quando a população poderá perceber mudanças na saúde? Haverá vagas nas creches da cidade? Tem R$ 130 milhões em caixa? Estas e outras perguntas o DC fez ao prefeito eleito Marcelo Roque que fala, com exclusividade ao jornal Diário do Comércio (DC), após iniciado o período de transição. O candidato do PV, Marcelo Roque, foi eleito com 32.399 votos, o que representa 44,02% dos votos válidos. Confira!
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A entrevista de Marcelo Roque ao jornal Diário do Comércio foi acompanhada e contou com a colaboração do vice-prefeito Arnaldo Maranhão. Com comentários feitos durante a entrevista, percebe-se que os dois têm partipado de muitos eventos e reuniões. E quando um não pode estar presente, o outro acompanha e repassa as informações mostrando sintonia e objetivo de trabalhar em conjunto em prol de Paranaguá

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DC: Havia um grupo querendo fortalecer um candidato durante a preparação para as eleições. As informações comentadas nos bastidores políticos deram conta de que o senhor não quis fazer parte deste grupo e insistiu que sairia candidato a prefeito nestas eleições. O senhor definiria sua decisão por teimosia ou crença de que, realmente, poderia virar este jogo como, de fato, aconteceu?

Prefeito eleito Marcelo Roque: O que aconteceu antes das convenções eram grupos se articulando na cidade. Eu já havia sido candidato a deputado antes e fui bem votado, tinha a história da família Roque na cidade, e fiquei apto a concorrer a uma eleição e eu também queria fortalecer um grupo político para disputar. E esse grupo político fazia e se desfazia, mas eu tinha convicção de que eu tinha condições de disputar esta eleição.
A gente não poderia desperdiçar o legado que meu pai deixou e mantive minha postura até o final. Esse grupo queria manter um grupo amplo, mas eu queria tentar concorrer nesta eleição e deu certo.

DC: Pesquisas iniciais davam conta de outro resultado, o que não se repetiu no final. Na sua opinião, em que momento da corrida eleitoral, a virada aconteceu?
Prefeito eleito Marcelo Roque: Quando fechamos a nossa chapa na convenção, o Maranhão já tinha anunciado que não tinha pretensões de concorrer ao Legislativo e era um pré-candidato a prefeito ou vice. Eu não tinha um mandato político e não tínhamos nada a perder, mas tínhamos a convicção e fomos para uma eleição direta. Muitos não acreditavam na nossa vitória.
Quem estava próximo à campanha, acreditava. Mas aqueles que estavam mais distantes não acreditavam na nossa vitória.
Não foi fácil.
Saíram várias pesquisas e isso atrapalhou muito até para ter uma estrutura de campanha e apoio, com o resultado de 44% a 19%, mas a gente não desistiu.
Não tínhamos a estrutura que nosso adversário tinha, mas tivemos força de vontade, trabalho prestado na cidade e o que valeu muito foi o trabalho de formiguinha, aquele feito de porta em porta, em várias bairros, todos os dias na cidade e isso foi muito importante.
Acompanhando pesquisas internas, até um ano antes da eleição, a gente sabia que a população estava muito indecisa. Eu disse para o Maranhão, a população vai decidir na campanha da eleição. Fizemos um jornal de campanha muito bem feito, saiu uma pesquisa que nos deu ânimo de uma virada e o trabalho de toda equipe foi muito importante, assim como nossas famílias que se envolveram numa eleição difícil. Ressalto o trabalho da minha sobrinha Camila com relação ao programa de TV. Ela fez do jeito que ela queria.
Participamos de todos os debates com propostas e a nossa maneira, nosso comportamento durante a campanha também influenciou. Nós nos comportamos de maneira muito simples e objetivo.

DC: O senhor esteve com representantes da Caixa Econômica Federal para tratar de projetos em andamento e também da possibilidade de novos investimentos em infraestrutura e construção de novos conjuntos habitacionais, quais as informações podem ser adiantadas?

Prefeito eleito Marcelo Roque: tivemos uma surpresa que a Caixa Econômica está com dinheiro para desenvolver qualquer município, mas infelizmente, Paranaguá não soube aproveitar com projetos. Nossa equipe de transação constatou que dinheiro para buscar existe, mas a Prefeitura não levou projetos ou correu atrás dos recursos. A CEF disse que tem dinheiro para fazer quantas casas quiser no município de Paranaguá.
Acreditamos que falta uma estrutura para acompanhar tudo isso, por isso vamos fazer um departamento separado na prefeitura para cuidar de recursos que sejam oriundos do Estado ou do governo federal e que nesse departamento, dentro do Planejamento, e que faça tudo isso.

DC: E como está este momento de transição? Dizem que os R$ 130 milhões anunciados não estarão à disposição. Isso procede?

Prefeito eleito Marcelo Roque: Estamos finalizando o trabalho de transição e tanto eu, como Maranhão, temos participado de várias reuniões de diferentes secretarias e não são boas as informações com relação à Prefeitura de Paranaguá. A Fazenda mostrou os relatórios e os números não são os mesmos divulgados. Pode ter R$ 130 milhões, mas tem mais de R$ 130 milhões de restos a pagar, ou seja, estão comprometidos. Não tem dívida, mas não tem dinheiro para começar uma administração. O bom é que não tem dívida.
Também teremos uma dificuldade com pagamento da folha dos servidores. A folha de pagamento já está em 53% e é um índice muito alto e com tendência de ter uma arrecadação mais baixa. Trata-se de um desafio em todas as áreas da Prefeitura.

DC: Todos perguntam como será a sua equipe de governo. Como pretende buscar estas pessoas?

Prefeito eleito Marcelo Roque: Estamos conversando, mas poderemos ter mais detalhes em breve, pois há pessoas, por exemplo, que dependem de questões burocráticas para aceitar o convite.

DC: Dos 19 vereadores eleitos, a sua candidatura contou com o apoio de sete partidos, cuja maioria estará representada na Câmara a partir de 2017. Como pretende manter o diálogo entre Executivo e Legislativo?

Prefeito eleito Marcelo Roque: Nossa coligação fez cinco candidatos: Ratinho, Luiz Maranhão, Gilson Marcondes, Professor Fangueiro e Marquinhos Roque. Meu pensamento é que, quando acabou a eleição acabou a questão partidária. Nós temos que pensar no município, num todo. Eu tive mais de 33 mil votos, mas serei um prefeito que vou governar para as 160 mil pessoas. E acredito que este é o pensamento dos vereadores.
Já conversei com alguns vereadores, mesmo de coligações diferentes, mas todos estão preocupados com o nosso povo. E tinha uma frase que meu pai já dizia: “quando o Executivo é bom o Legislativa também vai bem”. Por que a última legislatura foi muito criticada? Porque não tinha uma administração coesa. Como é que um vereador vai pedir uma benfeitoria num bairro se o Executivo não faz.
Tenho certeza que faremos um bom mandato, juntamente, com os 19 vereadores que pensam no bem de Paranaguá.
Claro que haverá oposição e isso é importante e bom para o Executivo. Isso é normal, mas claro que queremos contar com uma base de apoio que pense no município.

DC: O senhor sempre disse que saúde é prioridade. Esta foi uma frase dita em muitas ocasiões durante a campanha. Em quanto tempo o senhor acha que será o prazo para população sentir a mudança na saúde?

Prefeito eleito Marcelo Roque: Vamos trabalhar desde janeiro, mas acredito que haverá um tempo para realizar os projetos. Não há falta de dinheiro que atrapalhe, mas falta de gestão, falta de comprometimento.
Nós já verificamos, por exemplo, que em 2016 não foi feita nenhuma licitação na Secretaria de Saúde. Os dados estão chegando e há postos de saúde sucateados e há uma dificuldade em todo o país de encontrar médicos. Nós vamos trabalhar para dar dignidade à população de Paranaguá. Acredito que sentirão a diferença no primeiro ano de mandato.

DC: O Ministério Público já determinou que novas vagas para as creches sejam abertas. A gente sabe, que na prática, executar uma determinação não é tão fácil quanto falar ou escrever a respeito disso. Qual seu objetivo para minimizar a fila de crianças esperando uma vaga em creche?

Prefeito eleito Marcelo Roque: Hoje tem uma creche que está sendo colocada à disposição com 120 vagas e tem outra no Jardim Iguaçu onde a obra tem 97% concluída. Agora é fazer um histórico da obra, responsabilizar a quem é de direito e terminar com recursos do município. E ainda tem mais sete Cmeis num plano do governo federal esperando para ser iniciado. O município tem grande dificuldade de encontrar área para execução destas obras.
Há dificuldade para ampliar muitas das atuais escolas como acontece com a Escola Municipal Arminda, para que as crianças não precisem atravessar ruas perigosas para estudar.
E ainda teremos novidades nesta área, pois a partir do ano que vem não será obrigatoriedade do município vagas de 0 a 3 anos de idade. Vamos valorizar o trabalho das creches filantrópicas, assim como a Apae.

DC: O senhor e sua equipe, assim como o vice-prefeito eleito têm mantido conversas com vários segmentos. Com o porto já teve alguma conversa e como o senhor imagina que será a relação porto-cidade uma vez que houve apoio da diretoria da autarquia portuária ao candidato que perdeu nas últimas eleições?

Prefeito eleito Marcelo Roque: Não acreditaram na nossa vitória e apostaram todas as fichas no candidato da TV e não acreditaram nos caboclinhos. Assim aconteceu como porto, com o Governo do Estado. Mas queremos manter um bom diálogo com o Governo. Nós temos consciência que o porto bate recordes mas trabalha de costas para a população de Paranaguá e acredito que tenha que rever isso.
Estivemos, inclusive, na Assembleia Legislativa, conversando com o presidente Traiano e já mantendo conversas sobre a cidade de Paranaguá.
Tem as obras de viadutos oferecidos pelo porto na Avenida Ayrton Senna e até agora isso não saiu do papel. Tem a avenida Bento Rocha com uma ciclovia, usada pelos trabalhadores, que está uma vergonha.
Fico chateado como político, mas principalmente, como morador de o Governo do Estado para sair na foto. “Entrega milhões em equipamentos no porto”, mas onde está a cidade? Onde está a contrapartida para a cidade e temos a liberdade de cobrar.

DC: E o Governo do Estado também tem obras paralisadas ou até mesmo na expectativa de serem iniciadas. Qual será a sua atitude quanto a estas obras em Paranaguá?

Prefeito eleito Marcelo Roque: Eu vejo com preocupação. Foram feitas promessas por governador que sai, governador que entra, como a ponte para a Ilha dos Valadares e agora está lá a estrutura interditada e que precisa de uma intervenção rápida e isso nós vamos cobrar do Governo do Estado.
Tem a obra do entorno do Aquário, prometida há mais de quatro anos, e parece que começará no ano que vem e vamos cobrar. E também não podemos deixar de falar de obras que estão paralisadas como o Centro da Juventude no bairro do Bertioga e a obra abandonada da Ilha dos Valadares que tem piscina e cancha de esporte e precisa ser aproveitado.

DC: Deixe sua mensagem final?

Prefeito eleito Marcelo Roque: Disputamos uma eleição difícil, como já comentei. Saímos vitoriosos e agora temos o desafio de administrar toda a nossa cidade. E estamos prontos para assumir este desafio e ajudar Paranaguá a crescer.
Agradeço a cada voto recebido, e adianto que serei um prefeito para toda a população e conto com a ajuda do nosso povo. Que Deus nos abençoe.

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