Crônica do Dia: Parada obrigatória

kátia 1

Era dezembro, folga da coluna do jornal. Estava eu de papo pro ar, quando entra uma mensagem de uma leitora perguntando por que eu havia parado de escrever.

Expliquei que faço uma pausa. Preciso. Quem não?

Não a convenci, pois ela ainda acrescentou dizendo que quem escreve não tira férias. Nesse ponto, tenho que concordar. As letras dão de ombros para os momentos de relaxamento. Elas invadem e se ausentam na hora que bem entendem. Têm vida própria, já me acostumei.

Mas eu preciso dar uma trégua para algumas responsabilidades e obrigações. Abandono o relógio, esqueço o calendário, adquiro uma certa displicência para com o horário de dormir e de levantar. Faço isso em outra época do ano? Não. De forma alguma.

Os mais chegados sabem bem que sou toda movimento. Ligada no 220, acelerada por natureza. Até que uma voz soa dentro de mim e diz: “Pare!”.

Sempre fui uma boa menina. Quem sou eu para desobedecer tal aviso?

Paro. Tiro o plugue da tomada. Desativo algumas coisas. Desacelero. Desligo.

Acho estranho quem tira férias e vai fazer visitas no local de trabalho. Quem não respeita o isolamento que lhe devia caber. Quem insiste em permanecer olhando os mesmos colegas de profissão com quem divide tantas horas, tantos meses e tantos anos. Ausente-se um pouco. Permita que os outros sintam a sua falta.

Não é preciso ter 30 dias sorrindo para você. Em muitos casos, uma tarde ou algumas horas podem ser libertadoras. O importante é promover alguma parada, dar-se a chance de não pensar em nada, um desligamento da rotina que nos invade em todos os outros dias do ano.

Faço o meu “pit stop”. São nesses intervalos que mergulho em mim mesma e recarrego as energias.

Cá estou eu de volta. Com cara de quem está preparada para mais uma jornada. Conectei o plugue, acertei o relógio, já sei bem que dia é hoje. Hora de recomeçar.

 

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