Crônica do Dia: Sobre filmes

katia-muniz2Por: Kátia Muniz

Com quatorze indicações ao Oscar, o filme “La La Land” tornou-se a bola da vez. Muito comentado, exaltado pela crítica, altamente elogiado. Tanto burburinho aguçou a minha curiosidade. Fui ver.

Sentei-me na última fileira. Vista privilegiada para a sala toda. Do meu lado esquerdo, a poltrona permaneceu vaga e as duas seguintes foram ocupadas por um casal.

Começa uma projeção na tela que se arrasta por uns dez minutos. Eu começo a me inquietar. Havia errado de sala? Não. Não havia. Emma Stone e Ryan Gosling surgem, na tela, para aliviar a minha tensão. Ufa!

O filme segue com algumas cenas dignas de se ver em tela grande e com sonorização adequada. Eu falo daquelas cenas que só funcionam em salas de cinema e que perdem todo o encantamento na smart tv e no sofá de casa.

Outro alvoroço da mídia era sobre a química entre os atores principais. Química mesmo, eu percebi que existia no casal próximo a mim. O que se desenrolava ao lado me pareceu mais interessante. Não tinha como não notar. Enquanto isso, Emma e Ryan trocavam um singelo beijo, que de tão delicado me provocou bocejos.

Concentro-me na tela. Em vão. Logo em seguida, eu me distraio novamente. Arranjei uma coceira no braço esquerdo, não achava posição na poltrona, procurei por balas na bolsa e acompanhei o voo de um mosquito que ficava brilhante ao cruzar com a luz da projeção.

Com tantos desvios de atenção, só há um diagnóstico: “La La Land” não me arrebatou.

Minha opinião rema contra a maré, eu sei. O filme virou uma espécie de: ou você o ama ou você está completamente errado, pirado, enlouquecido. Até onde sei está tudo em ordem comigo.

Reconheço pontos altos na película: A presença do cantor John Legend soltando o vozeirão é um primor, a fotografia é belíssima, Emma Stone está deslumbrante, os quinze minutos finais comovem, enternecem, impressionam, emocionam e, de quebra, nos convidam à reflexão. Sim, ainda há um coração que pulsa dentro de mim. Mas não consegui sair deslumbrada do cinema, como afirmaram tantos que foram assistir.

Indicar filmes é sempre um risco, mas não há mal algum em mencioná-los. Lá vai: “As pontes de Madison”, “Os homens que não amavam as mulheres”, “A casa dos espíritos”, “Relatos selvagens”, “A teoria de tudo”, “O diabo veste Prada”, “Antes de partir”, “Intocáveis”, “O caso de Benjamin Button”, “Antes do amanhecer”, “Vicky Cristina Barcelona”, “Boyhood”, “O observador”, “Um divã para dois”, “A outra”, “Precisamos falar sobre Kevin”.

Minha lista é extensa. “La La Land” ficou de fora.

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