Moradora confirma que, em Alexandra, cinco pessoas receberam a ligação na última quarta-feira 22
“Gente, fiquem atentos. Ontem à noite me ligaram novamente… Se passando pelo meu filho e me chamando de mãe, mãe me ajuda. Nem liguei pois o meu filho estava em casa, xinguei e desliguei o telefone… Mas minha irmã caiu na conversa quando ligaram para ela e disseram que estavam com sua filha. Ela entrou em desespero ainda tinha uma moça que pedia socorro”, esse foi o relato da moradora Ivone França, na sua rede social no facebook.
De acordo com a moradora, a irmã que recebeu a ligação ficou por mais de meia hora no telefone. Os ‘supostos’ sequestradores queriam dinheiro e ameaçavam matar a jovem. A mãe ficou desesperada e alguém da família ligou para a filha que estava na faculdade. Só depois disso, eles tiveram certeza de que se tratava de uma mentira.
“Por favo, não caiam na conversa desses meliantes. Eles começam a meter medo e vocês passam dados como o nome de seu filho, onde eles estão e caímos na conversa desses ladrões ordinários”, desabafou.
Só a Ivone já passou por isso duas vezes. Milena Matos confirmou que uma parente passou pela mesma situação. Ela confirmou que, em Alexandra, na última quarta-feira, cinco pessoas já haviam recebido esse tipo de ligação.
Outro caso registrado confirmou que uma mãe recebeu a ligação e viveu momentos de pânico. “Eu atendi, a pessoa já: ‘O mãe, o mãe, o mãe. Eu fui sequestrado, eu fui sequestrado, me pegaram aqui. Não chame a polícia. Não faça nada, por favor’”, lembra.
Ela acreditou que o filho de 15 anos estava sequestrado. Sem procurar ninguém da família, passou a obedecer a todas as ordens do suposto sequestrador. Ela fez vários depósitos bancários e recargas de crédito em celulares. O bandido aproveitou para aplicar um novo golpe.
“’Ele falou: ‘Agora você vai se hospedar num hotel, vai ligar pro seu marido e vai dizer que você foi sequestrada. Se você fizer alguma coisa, ele morre’. E aí a pessoa do outro lado gritava, como se fosse meu filho”, conta a mulher.
A mulher nem desconfiou que era vítima da ação criminosa. Ela ligou para o marido e disse que estava sequestrada, mas que não poderia dar mais detalhes. No dia seguinte, a mulher foi ao banco e depositou mais dinheiro na conta indicada pelo criminoso. No total, gastou R$ 10 mil. Ao perguntar pelo filho, recebeu a notícia dos próprios bandidos de que tudo se tratava de um golpe. Pior que o prejuízo financeiro é o trauma psicológico das vítimas. “A gente não dá nem um passo sem falar um com outro. Isso é um horror”, afirma a mulher.
A polícia rastreou o celular da vítima e descobriu que as ligações partiram do complexo penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro. Não foi um caso isolado. Só neste ano no centro-oeste paulista, este tipo de ação já causou prejuízo de R$ 100 mil às vítimas.
“As principais perguntas que a vítima tem que fazer a hora que recebe uma ligação dessas: será que não é um trote, será que não é um golpe? E desligar o telefone. Em seguida, perguntar pra si mesmo: qual é o criminoso que está negociando um sequestro que pede que sejam feitas recargas de telefonia celular que podem ser rastreados? Isso já é um indicativo forte de que se trata de um golpe”, diz o delegado Kleber Granja.
Mas nem sempre os golpistas se dão bem. No caso da Ivone, ela descobriu o golpe rapidamente e desligou o telefone.
As autoridades policiais orientam para que tentem entrar em contato com o familiar supostamente envolvido. Assim, a pessoa terá a certeza de que se trata de um golpe.