Crônica do Dia: O amor é difícil

kátia 1Por: Kátia Muniz

O queixume é recorrente: tem gente querendo amar, mas não querendo se entregar.

As modalidades variam: gente que quer amar com colete salva-vidas, morrendo de medo de um mergulho profundo nas águas do amor. Tem gente se equilibrando em cima do muro. São aquelas pessoas que não tomam a iniciativa, não dão o primeiro passo, não fazem nada. E, como sabemos, se nada fazem, nada acontece. Óbvio. Tem muita gente por aí andando com o coração acelerado, com os sentimentos aprisionados, mas com cara de paisagem, como se nada abalasse.

Ai, que preguiça que essa gente dá!

Amar é se entregar. Frase clichê, eu sei. Mas quantas verdades são ditas nesses clichês, não é mesmo?

E acrescento: amar é se entregar sem nenhuma rede de proteção.

Amar esfola, dói, machuca, faz sofrer, promove cicatrizes de tamanhos variados – umas se fecham, outras seguem abertas durante uma vida inteira – provoca insônia, arritmia, ansiedade. Cruzesssss!

Com essa lista de dissabores, você já deve ter colocado um cadeado no coração.

Mas tem a parte boa. Toda moeda tem dois lados. E a parte boa, compensa qualquer coisa. Acredite.

Por amor, somos capazes de loucuras. Doses de insanidade são temperos, porque lucidez em demasia não conta boas histórias.

O amor não manda sobreaviso. Chega de surpresa. Você que queria tomar um banho antes, preparar-se para recebê-lo, veja, nem deu tempo, quando percebeu já estava com o coração fazendo um “tum-tum-tum” diferente.

São tantas histórias: você a ama, mas ela é casada. Você o ama, mas ele não para em emprego algum. Você a ama, mas ela é metódica, quer discutir a relação a todo o momento, virou uma chata, mas “bah!” o que é essa explosão química que existe quando vocês tocam um no outro? Vocês são livres e desimpedidos, mas ele não é romântico, e ela, coitada, ainda sonha em ser resgatada de algum castelo. Ele a ama, mas ela só pensa em trabalho. Vocês se amam, mas a família não aceita. Você o ama, você mesma, que tem doutorado em língua portuguesa, enquanto ele, nunca leu um livro e fala “pobrema”.

É um emaranhado. Não é fácil acertar os pares. Dá um trabalhão.

Mas a vida recomenda o amor. Porque faz pulsar, porque faz o sangue circular melhor nas veias, porque junta o prazer inebriante de ter sexo e amor na mesma cama, porque é gostoso, porque dá um sentido diferente ao nosso dia a dia, porque é provocante e nos faz sentir vivos.

O amor tem a capacidade de nos fazer soltar aquele suspiro juvenil, como se estivéssemos com quinze anos, mesmo que estejamos prestes a completar setenta e cinco.

Você respira? Então vai. Busca o amor porque ainda dá tempo.

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