Para chamar de seu

Por: Kátia Muniz                                                                         cronicaskatia@live.com

 Louca por homem é o título de um livro da escritora gaúcha Claudia Tajes. Nele há várias histórias curtinhas, sempre protagonizadas pela personagem Graça. Uma mulher que ao se apaixonar muda completamente sua personalidade de acordo com o candidato que arrebatou seu coração. Assim, ela se despe dos bens materiais ao se envolver com um homem simples, torna-se esportista quando conhece um praticante dos esportes, e ainda: vira uma obsessiva por limpeza, boêmia, judia ortodoxa e por aí vai.

Se você quer rir, leia. É entretenimento puro.

E você já mudou alguma coisa na sua personalidade ou no seu jeito de ser em nome do amor?

Claro que já, confesse! Você que nunca apreciou os pratos da cozinha oriental, bastou conhecer aquele par de olhos puxadinhos para despertar um interesse súbito em receitas de sushi, sashimi, Yakisoba, Yakimeshi e afins.

E uma amiga me contou que no início dos anos 90 sabia de cor todas as músicas do conjunto de pagode Raça Negra. Ela conheceu um rapaz, começaram a namorar e não tardou para ele confessar que não gostava de samba, pagode e similares. Resumo da história: os dois estão prestes a completar bodas de prata e na casa deles nunca se ouviu nenhum ziriguidum.

Ah o amor! Ele transforma, não tenha dúvidas. Provoca mudanças, arranjos, adaptações e inúmeras negociações.

Li em algum lugar que não há razão para mudarmos. Se alguém gostar de nós, acabará por nos aceitar exatamente como somos. Ohhhh! Belas palavras.

Isso pode funcionar bem se você estiver com 15 anos. Agora, tendo você passado dos 30, mantendo um coração disponível, e ainda por cima louca para encontrar um homem para chamar de seu, esqueça qualquer frase de efeito. Talvez seja prudente seguir a trilha da minha amiga ou da escritora Claudia Tajes. Loucura seria ficar sem nenhum.