Blitz, documentos

Por: Katia Muniz                                                                           cronicaskatia@live.com

Saí de casa para ver a Banda Blitz, mas só consegui ver o Evandro Mesquita. Estavam todos lá, a banda completa. O problema é que Evandro rouba a cena, concentra todos os olhares. Não há possibilidade de desviar a atenção em busca de qualquer outra coisa. Evandro chega, chegando.

Tentou, com esforço, emplacar músicas novas. Em vão. O povo todo queria mesmo eram os bons e velhos refrões, na esperança, de quem sabe, poder estar “a dois passos do paraíso”, mesmo que “seja sob o sol ou debaixo de chuva”, com “Arlindo Orlando, caminhoneiro conhecido da pequena e pacata cidade de Miracema do Norte”, ou implorando “Amor, que que cê tem? Cê tá tão nervoso? Nada, nada, nada, nada”.

A galera queria recordar. Queria passagem só de ida para os mirabolantes anos 80. Isso, Evandro conseguiu, com louvor.

Entramos, numa imaginária máquina do tempo. Automaticamente, diminuímos a idade, as responsabilidades, as rugas e os acréscimos. Não precisávamos de muito.  O pouco nos satisfazia, nos completava e, uma trilha sonora embalava nossos sonhos juvenis.

Evandro tem carisma e vitalidade de sobra. Faz parte do time daquelas pessoas que marcam presença sem precisar fazer muito esforço. Mas, uma vez fazendo, ganham todos a sua volta.

Ele dançou, conversou com o público com aquela voz e aquele sotaque tão característicos e cantou embalando várias idades.

Evandro tem genética a seu favor. Os anos avançaram e ele não ficou barrigudo nem careca. Homem de sorte. Conserva cabeleira com fios grisalhos, que servem pra quê? Para dar charme, claro.

Que idade tem esse homem?

“Blitz, documentos!”

Fiquei perplexa com a descoberta!

Evandro já pode entrar na fila dos caixas preferenciais. Pode estacionar em vaga de idoso. Pode frequentar clube de melhor idade. Pode pagar meia-entrada em shows. Pode, um pouquinho mais pra frente, requerer aposentadoria por idade.

Tem 62 anos. Um menino!