Crônica do Dia, com Kátia Muniz

kátia 1Escapes e fugas

Por: Kátia Muniz

“Ninguém segura o rojão da realidade 24 horas por dia”.  Esta frase é da escritora Martha Medeiros.

momentos-satisfatorios-femininos-6É verdade, ninguém segura, por isso precisamos tanto dos nossos escapes.  Que escapes são esses?  Pode ser um futebolzinho no final de tarde, um bate-papo com as amigas, uma caminhada para oxigenar o cérebro, um esporte para liberar a adrenalina. Subir uma montanha, nadar, pescar, assistir a um bom filme, tocar um instrumento, dançar, ficar de papo pro ar. Qualquer coisa que nos dê a sensação de prazer, de reabastecimento, de encontrarmos a energia necessária para aguentar o batente e os percalços do dia a dia. São escapes necessários e que servem para dar um equilíbrio à vida.

Mas, para muitas pessoas, só os escapes leves e cotidianos não tem resolvido. Tem muita gente se aventurando em algo mais radical: a fuga da realidade.

Você foge quando se deixa levar por fantasias, quando se transporta para mundos imaginários, quando cria ilusões. Você foge nos momentos em que precisa tomar decisões, em que se obriga a fazer enfrentamentos, em que a vida exige de você maturidade e responsabilidade.

Reconheço que entro num terreno que não domino: a psicologia. Não sou do ramo, mas arrisco.

Quem quer a parte chata? Quem deseja contas a pagar, problemas a resolver, saúde debilitada, casamentos de fachada, filhos que aprontam e nos desapontam e desilusões amorosas.

Assim, tenho visto e observado fugas, conscientes e outras tantas inconscientes, de gente que anda meio perdida, sem saber direito o que fazer com o pacote de frustrações que a vida traz, e se encarrega de nos entregar sem que a gente assine nenhum bilhete de recebimento. Pronto. Entrega feita. Agora, é com você.

Fugas para buscar momentos de respiro e de alívio. Fugas em que se quer um esconderijo, uma caverna qualquer que nos abrigue e que nos poupe de encarar os fatos que nos assustam, que nos decepcionam, que nos causam incômodo ou alguma dor. Inútil: tudo o que a gente pensou que deixou para trás nos espera ansiosamente bem do lado de fora.

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