Crônica do Dia

A teoria de tudo

unnamedPor: Katia Muniz

Lembro que, na época, por falta de tempo, eu tive que fazer uma escolha: assistiria ao filme Boyhood ou ao filme A teoria de tudo. Optei pelo primeiro.

Rendeu-me uma crônica e uma torcida fervorosa para que o filme ganhasse o Oscar/2015. Boyhood perdeu para o pulsante Birdman.

Confesso que, de lá pra cá, me mantive inquieta, em dívida comigo mesma. A teoria de tudo me agulhava o pensamento. Precisava assistir a ele.

De férias, me rendi. Afundei-me no sofá de casa e dei graças a Deus de não ter visto o longa no cinema. Com a fama de chorona, que me acompanha, a turma da limpeza teria o maior trabalho de secar todas as lágrimas que eu derrubaria no escurinho do recinto.

O filme, baseado no livro de mesmo título, conta a história do físico Stephen Hawking, brilhantemente interpretado por Eddie Redmayne, que faturou o Oscar de melhor ator, com o devido mérito.

Sabemos que Stephen Hawking é um fenômeno, mas o que me fez erguer o músculo da testa, o tempo todo, foi Jane Hawking, esposa do físico.

Ela não descobriu a teoria de nada, mantinha-se nos bastidores, reservada, com voz pausada. Ainda assim, era um furacão. Impossível não notá-la. Sua força se externava, não se continha dentro dela, pedia passagem. Dona de uma personalidade forte, aguentou com garra e perseverança os 25 anos em que esteve casada com um homem que perdeu todos os movimentos do corpo e, tempos depois, a fala.

Extasiada com o filme, comprei o livro. Devorei as 450 páginas em poucos dias. Enquanto o longa condensa, modifica a história e apela para o romantismo, o livro escancara em detalhes minuciosos, e sem nenhuma pressa, todo o processo que envolveu a chegada da doença, sua evolução, os cuidados necessários, a rotina da família, os gritos internos de Jane. Ela de novo. Ainda é Jane que me fascina, que me entorpece, que me tira do chão.

Mulheres fortes sempre me arrebataram. São aquelas que não vieram a passeio, que não aceitam tudo que a vida lhes oferece, que questionam, que encaram os enfrentamentos de cabeça erguida, que agem ao invés de se lamentar, que carregam uma beleza que nada condiz com capa de revistas, que são impactantes, que dizem tudo sem necessariamente pronunciar alguma palavra, que são vulcânicas.

Ele fez história e deixará, de maneira indelével, sua marca para a humanidade.

Mas eu virei fã foi dela. Para mim, a maior descoberta de Stephen Hawking atende pelo nome de Jane.

 

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