Crônica do Dia- A Ignorância nossa de cada dia

kátia-muniz2Por: Kátia Muniz

Diante da epidemia de dengue que assola esta cidade, é fato que o poder público vem se esforçando no quesito limpeza. Há trabalhadores nas ruas cortando o mato dos canteiros, das praças e coletando o lixo. A cidade vem se propondo a colocar ordem na desordem que se acumulou durante anos e anos.

Menção honrosa às pessoas que, no trabalho voluntário, entregam seu tempo, sua dedicação e, principalmente, o amor ao próximo. Pensam na coletividade e se empenham em deixar um mundo melhor do que aquele que encontraram. São anjos disfarçados de pessoas comuns, à paisana, que abrem mão de parte da vida particular em prol do outro. Mereciam todos estátuas em praças públicas. Mas há outras características que os definem: não gostam de holofotes e não fazem muito barulho das suas realizações. Desconheço forma mais bela de humanitarismo.

Há mutirões de limpeza organizados pelos próprios moradores de bairros, há gente faxinando o quintal, há muita gente fazendo a sua parte.

Mas, infelizmente, há também os que não estão nem aí com os dados alarmantes que são divulgados, semanalmente, no boletim emitido pela Secretaria de Saúde.

Gente que faz pouco caso, que segue alheio às inúmeras informações divulgadas, incansavelmente, pela mídia impressa e falada, que permanece inerte ao combate do mosquito que faz ronda e ceifa vidas.

São pessoas que não se abalam, que continuam a propagar a sua pobreza existencial com atitudes prejudiciais a si próprio, aos seus familiares e à comunidade.

Não limpam o seu metro quadrado, jogam entulhos em locais públicos, negam a entrada dos vigilantes de saúde e estão sempre a postos para erguer o dedo e apontar as falhas alheias, tão facilmente detectadas no outro e tão camufladas em si próprio.

A ignorância tem a cruel capacidade de nos vendar os olhos.

Ignorância não no sentido de não ter oportunidade ou acesso às informações. A pior delas: aquela em que a informação chega, mas é descartada, deixada de lado, colocada em escanteio.  A falta de urbanidade costuma ganhar solo fértil quando é adubada pela ignorância. E esta, por sua vez, vai devastando aqueles que não se permitem crescer como pessoa. Que seguem a vida de olho no próprio umbigo, encarando-se no espelho que costuma lhes devolver uma visão distorcida de sua própria imagem.

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