Por: Katia Muniz
Janeiro é lento. Fevereiro, cheio de ziriguidum. Março me traz idade nova. Abril, Páscoa. Maio é maternal. Julho nos pede uma parada. Agosto, paternal. Setembro, florido. Outubro lembra crianças. Novembro requisita acúmulo de energia. Dezembro é a queima da energia acumulada, caos, comércio, loucura.
Pulei junho, percebeu?
Para mim, é o mês mais lindo do ano porque celebra o amor.
Só por esse fato, merecia destaque no calendário. Os números poderiam vir coloridos, assim como deve ser a esperança.
Não há preto e branco na expectativa de um amor, de um encontro, de uma possibilidade, de uma vontade, de um desejo. Há sempre uma paleta de cores.
Junho é mágico. Figura-se o Cupido que ainda dispara suas flechas na tentativa de juntar os pares, formar casais, unir vidas.
Há uma urgência no ar. É preciso encontrar alguém, mas nem sempre se disponibiliza o tempo e o investimento necessários para fazer a relação durar.
O Cupido se entristece com a velocidade dos relacionamentos, o junta e o separa que acomete as uniões. A fugacidade, a fila que anda na busca do par ideal.
Não há o ideal. Esqueça essa farsa da perfeição.
Amores não são perfeitos e costumam apresentar defeitos com o tempo de uso. Defeitos que, na maioria das vezes, são possíveis de consertar, desde que haja vontade entre os envolvidos.
Em outros casos, faz-se a troca. Começa-se novamente, o ritual já conhecido. Testa-se, experimenta-se, explora-se, saboreia-se, avalia-se, prova-se. Encara-se a possibilidade. Não se desperdiça uma promessa.
Convites para jantar, muitos assuntos, descobertas dos gostos, sorriso bobo no rosto, olhos brilhando feito pedras preciosas.
É do ser humano essa vontade latente de ter alguém para dormir de conchinha, para esquentar os pés em noites frias, para dividir a parte chata e a parte legal da vida, para ter alguém para cutucar, provocar, insinuar vontades e desejos.
Que junho seja uma inspiração, uma pintura, um facilitador, um amolecer de corações que já levaram algumas pancadas.
Que o Cupido tenha mira certeira e que junho extrapole no amor e arraste a beleza dos pares para os demais meses do ano.