Crônica do Dia: Ainda há salvação

Untitled-design-19Por: Kátia Muniz

Comprei um eletrodoméstico novo. A vendedora, na hora de fechar a venda, me disse: “Um dia antes da entrega, a senhora receberá do nosso departamento de estoque, no seu celular, uma mensagem lembrando-lhe que, o objeto comprado será entregue no dia seguinte. E, no dia, receberá um telefonema de nossos entregadores, informando o horário da entrega.”

Sorri de canto, com ar incrédulo. Muita organização para um Brasil tão desorganizado.

Levei um susto quando tudo que a vendedora-vidente falou se cumpriu.

O eletrodoméstico estacionou na minha cozinha no dia e horário combinados.

Não estamos mais acostumados com gente de palavra.

Com pessoas que dizem “vou fazer” e fazem.

Com gente que assume suas responsabilidades, que entrega o que prometeu, que cumpre prazos.

Nossos ouvidos andam destreinados para verdades. Resultado de tantas mentiras ditas ao longo de um único dia.

Você marca hora no médico por mera formalidade. Ele nunca atende você no horário.

Você deixa o número do seu telefone com a recepcionista do curso de inglês com a promessa de que ela ligará assim que abrir uma turma. Você tinha 15 anos, na época. Hoje, tem 75 e ela nunca lhe telefonou.

Você combinou com a amiga para se encontrarem às 15 horas. São 17 horas e você zzzzzzzzzzzz. Dormiu, claro!

Acalme-se. Você não é o ansioso da vez. São algumas pessoas que, infelizmente, perderam o respeito para com o outro.

Mas ainda há salvação.

Há taxistas que devolvem ao dono a pasta de dinheiro, deixada no banco de trás. Há funcionários que trabalham com afinco. Há repartições públicas que funcionam. Há gente que não aceita suborno. E há lojas que entregam o produto comprado no dia certo.

Dá gosto se fidelizar com gente assim.

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