Crônica do Dia: A beleza dos gestos

ternura do amorPor: Kátia Muniz

Já faz tempo. Havia me hospedado em um hotel, no centro de Curitiba. Estava retornando de um passeio, quando um homem alto, com um rosto que me pareceu familiar, segurou a porta de entrada do hotel para que eu pudesse passar. Justo eu que não sou de economizar sorrisos, entreguei a ele um bem farto, daqueles que só a boca não dá conta e, por isso, acaba usando o rosto inteiro. Agradeci o gesto, e ele respondeu com voz grave: “De nada”. Peguei o elevador com a dúvida martelando na minha cabeça: “Eu conheço esse cara de algum lugar!”. Depois de quase promover um curto-circuito interno nos meus neurônios, fui acometida com a real identidade do tal homem: Arnaldo Antunes. Ex-titãs e, agora, alçado à minha lista de homens gentis que cruzaram o meu caminho.

Outra: enfrentava um daqueles dias em que a nossa paciência é testada à exaustão. Já no final da tarde, resolvi abrir o meu e-mail. Lá estava me aguardando, desde o início da manhã, a mensagem de uma amiga que, com uma única frase, foi capaz de me devolver a força e a vontade de sorrir novamente. Eis, aqui: “Já estou com saudades”.

Mais uma: outra amiga foi viajar para o Nordeste e me trouxe um bloquinho de anotações. Entregou-me, com ar tímido, acompanhado da célebre frase: “É só uma lembrancinha”. Ah, minha amiga, quanta felicidade há no gesto de ser lembrada!

Tem gente que gosta de usar a expressão: “Pequenos gestos fazem a diferença”.

Pequenos gestos?

Onde se encaixa a pequenez, diante de tanta delicadeza?

São gestos grandiosos, majestosos, sublimes, superlativos. Não há nada de pequeno.

Em um mundo cada vez mais individual, mais truculento, mais apressado, guiado por iPhones e smartphones, e que impera tão pouca entrega e cuidado nas relações interpessoais, há de se ressaltar o sopro dos sentimentos que ainda faz de nós humanos.

É a mensagem de alguém especial que chega por e-mail ou pelo WhatsApp. É receber uma flor arrancada de algum jardim. É um telefonema no meio da tarde para dizer que se importa. É o preparo do prato que ele ou ela tanto aprecia. É dizer que sente saudades. É expressar um elogio.

Qualquer atitude que nos tire do piloto automático, que quebre a nossa rotina estafante e possa promover o brilho nos olhos, a emoção e o sorriso será sempre bem-vinda!

São os gestos, as gentilezas, a beleza das atitudes que ainda são capazes de nos entregar leveza e salvar os nossos dias.

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