Crônica do Dia: Libere espaço

sddefaultPor: Kátia Muniz

Todo final de ano, eu sigo o mesmo ritual: promovo uma grandiosa faxina na minha casa.

Abro armários, vasculho cantos, remexo caixas, reviro pertences. Decido: isso segue comigo, essas roupas podem servir para doação e tudo isso aqui, lixo. Xô!

Desapegar é um verbo que eu sempre tive dificuldade em conjugar. Não tenho tanta facilidade para me desfazer de objetos, mas acredito que o tempo vem me dizendo que desapegar também é sinônimo de liberar espaço.

Não resisto. Lá vou eu filosofar.

Nossos armários de dentro também merecem faxina. Só assim, conseguirão espaço para receber o novo.

Não se feche com suas tralhas. Não carregue tanto peso. Liberte-se dos excessos.

Tenha vãos livres para receber oportunidades que surgem de repente, para acolher novos sonhos, novos conceitos, novas etapas, novas rotas.

Abra-se para as novidades, para as mudanças, para perceber a chance de um novo amor.

Deixe entrar alguma ventilação nessa vida regrada. Permita que algumas pequenas transgressões o visitem, só para você ter a sensação do sangue correndo mais rápido nas veias.

Abra vagas para as surpresas que a vida traz, para um olhar mais curioso, para promover alterações de trajetos, para viagens, para abraços, para presenças reais e não somente virtuais.

Libere espaço para as palpitações, para as emoções, para os desejos, para as vontades.

Não se feche, porque gente hermética tende a carregar sempre a mesma bagagem. Segue por aí, levando a mesmice para passear.

E de tanto olhar para o mesmo, acostuma-se com as suas certezas e com as suas manias. Desperdiça oportunidades, porque entende que não cabe mais nada na sua vida.

Gente hermética costuma trancar os armários de dentro e, infelizmente, não sabe onde guardou a chave.

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