Por: Kátia Muniz katiacronicas@gmail.com
Assisti ao filme “Os Homens São de Marte… E É Pra Lá Que Eu Vou”. Por sinal, agora também é série no canal GNT.
A película é prato cheio para boas risadas, mas também deixa aquela sensação de que já vi isso antes.
A cena do creme no rosto é a mesma que acontece no filme “Divã”, o que mudam são os atores. E quem já leu o divertido “Louca por Homem” da escritora Claudia Tajes, também vai encontrar semelhanças.
Mas deixa pra lá! A vida também se repete, com pouquíssimas variações, há milhões de anos e todo mundo quer continuar em cena.
No filme, a protagonista Fernanda, interpretada pela atriz Mônica Martelli, procura um amor. Quem não?
Enquanto se enche de expectativas para cada possível pretendente que aparece a sua frente, ela vai revelando as mirabolantes situações que uma mulher pode viver quando a idade avança e o relógio biológico faz tic-tac-tic-tac. Ou seja, ela precisa de um amor pra ontem. Pode ser?
Escreveria umas dez crônicas com as inúmeras colocações do filme, mas para não cansar a sua beleza nem a minha vou me ater a uma só.
-“A gente se vê”. É o que ela ouve de um dos seus candidatos ao amor.
Nenhuma mulher entende essa frase.
“A gente se vê” é vago, é lacuna, é espaço aberto. Falta completar os pontinhos. Faltam mais palavras à frase.
A gente se vê amanhã no jantar. A gente se vê no próximo final de semana. A gente se vê à tarde. Ou, que tal, uma frase bem cheia: A gente se vê hoje mesmo, porque eu não aguento mais ficar longe de você! Uau, querida, tá esperando o quê, apaixone-se!
Receber um “a gente se vê” daquela pessoa em que estamos apostando as fichas, é instalar, automaticamente, uma coleção de interrogações no cérebro. Nenhuma mulher sai ilesa depois de ouvir a primeira frase mais temida por elas, digo primeira, porque a segunda é: “eu te ligo”. Bah!
“A gente se vê” é angustiante, torturante, dilacerante. “A gente se vê” pode ser sinônimo de ficamos por aqui. Mas como nada foi dito com todas as letras, seguimos fantasiando um possível amor. Relutamos em enxergar o fim de algo que nem bem começou. Queremos vírgulas e não ponto-final. Queremos vários parágrafos e o desenrolar de uma boa história. Queremos cenas dos próximos capítulos porque acreditamos que o amor dá ibope.
“A gente se vê”.
Quando? Onde? Como? A que horas? Na sua casa ou na minha?
Respondam meninos, para que a gente possa soltar o cabelo, fazer as unhas, retocar a maquiagem, subir no salto e estar pronta para receber este amor.