Crônica da Semana

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Por: Katia Muniz                                                                   katiacronicas@gmail.com

Birdman é o típico filme que divide as opiniões em três categorias: há os que amam, os que odeiam e os que precisam assistir a ele mais de uma vez para fazer uma análise mais apurada e, assim, formar uma opinião. Mas, nos três casos, é possível chegar a uma unanimidade: o filme é, no mínimo, intrigante.

A película conta a história de um ator que fez muito sucesso interpretando um homem-pássaro, um super-herói. Porém, na sequência da franquia, desiste de tudo e cai no esquecimento, ou seja, perde os holofotes. Vinte anos depois, decide voltar à ativa, na pele de outro personagem, atuando e dirigindo uma peça na Broadway.

O ator é Michael Keaton em uma atuação primorosa e elogiável.

As câmeras fazem um passeio interno pelas instalações de um teatro, encontrando os atores ora despidos de seus papéis, eles por eles mesmos, ora interpretando e ensaiando, enquanto um solo de bateria pulsa com veemência.

O filme disseca comportamentos do meio artístico. Fala sobre egos e vaidades que acometem aqueles que dão vida a personagens e que precisam a todo custo manter o seu espaço.

Ok. Corta para a vida real.

Você há de convir comigo que não precisamos estar em cartaz na Broadway para lidarmos com egos e vaidades. Um passeio interno, uma visita dentro de nós mesmos pode deixar o roteiro de Birdman no chinelo.

 

Não são todos que gostam de fazer essa introspecção e escutar o que nossos botões têm a nos dizer, mas deveríamos.

Somos mestres em apontar defeitinhos alheios, enquanto nós ficamos livres de qualquer suspeita.

Em várias áreas profissionais, é moleza encontrar gente que quer chamar a atenção, que deseja o lugar do outro, que promove alianças com pessoas influentes, na esperança, talvez, de que essas possam lhe garantir algum retorno, seja financeiro, seja de destaque profissional.

Vivemos em uma era em que é preciso aparecer, mostrar-se ao mundo. As redes sociais estão aí para dar uma forcinha, para expor todos os nossos passos como em um diário. O lado bom da vida sobressai e tratamos de esconder o que não dá ibope.

Arquitetamos, planejamos, escolhemos o nosso melhor ângulo. O que vai para consumo externo é só uma versão melhorada de nós mesmos. O que realmente somos se revela nos bastidores.

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