Crônica do Dia- Paixões Proibidas

kátia-muniz2Por: Katia Muniz

No mês de junho, escrevi três crônicas falando sobre o tema: amor.

“Acontece”, título do meu último texto e que foi publicado na semana passada, teve uma excelente aceitação e também provocou burburinho. Recebi inúmeras mensagens e alguns pedidos em tom de sussurro: “Fale das paixões proibidas”.

Sabemos: há as paixões reveladas e as que são carregadas em segredo.

No começo, a aventura atrai e brincar com a possibilidade do flagra vira uma excitação.

O sexo reina absoluto e torna-se desafiador manter o relacionamento no anonimato.

Mas o prazo de validade costuma ser curto. Logo o casal cansa desse recolhimento, dos gemidos abafados, das janelas sempre fechadas, das cortinas cerradas, da porta trancada à chave.

Começa a virar um incômodo o celular desligado, os encontros furtivos, a logística cheia de mentiras à mostra e verdades encobertas.

O que era excitante no início torna-se um fardo, um peso, uma sobrecarga.

Os dois sentem-se presos, acorrentados, confinados, trancafiados.

A paixão infla, pede mais espaço. Não cabe mais em quatro paredes. Almeja o lado de fora. Quer mostrar-se ao público. Requer plateia. Busca exposição.

Deseja ir ao cinema, ao teatro, ao barzinho. Quer se exibir. Quer vir à tona. Quer andar de mãos dadas.

Uma hora, toda paixão proibida pede ar, ventilação, oxigênio. Não se sustenta somente pelo sexo. Precisa de mais.

Quer ser vivida na sua plenitude. Quer ser assunto em rodas de conversa. Quer fazer parte do todo.

Pode até tardar, mas não falha o desejo comum que toda relação anseia: a validação e o reconhecimento público dessa união.

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