Eu aguardava, dentro do carro, meu filho sair do colégio, quando vi um pai segurando em uma de suas mãos a mão do filhinho e, na outra, a mochila de rodinhas.
Continuei acompanhando a cena. Ele deixou a mochila na calçada, colocou a criança na cadeirinha do carro, prendeu-a com o cinto e depositou um beijinho carinhoso no rosto do menino.
Nesse momento, meu celular tocou e abandonei por uns minutos a encantadora cena entre pai e filho.
Quando voltei os olhos o carro já não estava mais lá, mas a mochila permaneceu na calçada. O pai havia esquecido o objeto.
Recolhi a mochila e a levei para a secretaria da escola.
Fiquei imaginando o que aquele pai deve ter escutado da mãe do garotinho quando chegou em casa. Aliás, deve ouvir até hoje, pois toda mulher é mestra em desenterrar o passado.
Essa história já tem uns quatro anos, mas ainda deve ser assunto em alguns almoços daquela família.
A abstração do homem é a neurose da mulher. No fundo, no fundo invejamos essa capacidade que eles têm de se concentrar somente no que interessa. De focar o objetivo e se desligar do restante.
Já as mulheres, coitadas, todas doidas absorvendo tudo a sua volta, inclusive o que eles esquecem por aí.
Eu não presenciei o que a mãe do garotinho disse ao pai, pelo fato dele ter esquecido a mochila. Talvez tenha feito um escarcéu, ou se voltou há pouco tempo de um retiro budista, pode ainda se encontrar zen e achando tudo uma maravilha.
Mas eu presenciei o trajeto deles até chegar ao carro. A mão firme do pai segurando a mãozinha do filho. O cuidado em prendê-lo à cadeirinha. E o ápice: o beijo do pai, no garotinho.
A mochila era coadjuvante nessa história. Tão sem importância que foi esquecida. O bem precioso era a criança, era o filho.
Se fosse a mãe buscando a criança…
Deixa para lá. Sobre as mães comento em maio. Agora, estamos em agosto, prestes a celebrar o Dia dos Pais.
Eles que andam surpreendendo, a cada dia mais, com atitudes positivas na criação da prole.
Ah, papais! Continuem a dar atenção, amor, beijo e toda demonstração de afeto e carinho, explicitamente. Seus filhos agradecem e o mundo também.