Crônica do Dia: Tudo ao seu tempo

kátia-muniz2Por: Kátia Muniz

A leitura de um determinado livro estava vinculada a uma futura prova sobre o tema. A turma era de crianças entre 10 e 11 anos.

Uma mãe, atenta, leu antecipadamente. Sentiu-se incomodada. Não pelo livro em si, mas pelo fato do assunto a ser trabalhado não parecer adequado à faixa etária das crianças.

A história retrata o início do namoro entre uma menina e um menino de 11 anos e meio. A autora relata o primeiro beijo do casal, com riqueza de detalhes. Conforme o relacionamento avança há a descrição de toques no corpo e as sensações provocadas.

Livros não trazem na capa a classificação de idade. Ainda contamos com o bom senso e o cuidado dos pais e da escola na escolha dos temas a serem entregues aos filhos e aos alunos.

O colorido de alguns livros e as ilustrações com características infantis também não nos livram de averiguar se o conteúdo proposto cabe ou não àquela idade.

Sabemos muito bem que há um avanço precoce da garotada. Soltas diante da televisão, das redes sociais e da parafernália tecnológica, elas acabam pulando etapas.

E a pergunta que não quer calar é: devemos nós, pais e educadores, incentivar esse avanço?

O assunto é polêmico e divide opiniões.  Existe o grupo que patrulha com veemência e mantém os olhos atentos a tudo que envolve as crianças e há os que encaram com certa naturalidade a precocidade que adentrou a infância.

Outro dia, recebi por e-mail, um link do jornal O Globo. A matéria falava justamente sobre essa literatura, digamos, mais apimentada, que invadiu parte do mercado editorial, e que está sendo vorazmente consumida por um público que não é aquele a quem os livros se destinam.

Em um trecho, a educadora Tânia Zagury, afirma o seguinte: “A sociedade se preocupa com a venda, não com a qualidade. Se os livros não passarem pelo crivo dos pais, o conhecimento que seria uma benesse se torna um problema.”

Toque aqui, Tânia.

Ao desempenhar o papel de pais, ainda nos cabe o critério de seleção do que é ou não apropriado aos nossos filhos. Não há necessidade de incentivar o que já anda, naturalmente, de maneira tão acelerada. E também não precisamos absorver como certo e verdadeiro tudo que nos é apresentado.

Que o ato de educar não perca o freio e o rumo e, que cada etapa seja vivida dentro do seu devido tempo.

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