Representantes da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) e da Rumo, empresa que administra o modal ferroviário que passa por Paranaguá, têm se reunido para discutir a redução dos impactos negativos da passagem do trem para a comunidade do município. O objetivo é definir ações que podem ser adotadas para solucionar problemas no trânsito, em especial nos cruzamentos da ferrovia com as avenidas Roque Vernalha, Coronel José Lobo e Ayrton Senna da Silva.
“A intenção é reduzir os impactos para os moradores e trabalhadores da região. Sabemos que é uma questão complexa, que não será resolvida do dia para noite, nem de forma unilateral. Mas estamos engajados em buscar alternativas”, explicou o diretor-presidente da Appa, Luiz Fernando Garcia.
De acordo com ele, não é possível delimitar horários ou mudar o trajeto do trem até os terminais, mas a Appa estudará junto com a Rumo soluções que permitam que as manobras sejam feitas sem paralisar o trânsito de veículos.
CAPACIDADE – Outra preocupação é aumentar a capacidade de transporte por ferrovia. A utilização de trens para movimentação de cargas no Porto de Paranaguá aumentou 20% nos últimos quatro anos. Em 2018, cerca de 10 milhões de toneladas de produtos entraram ou saíram do terminal paranaense por trilhos.
A Rumo já possui um projeto de melhoria no traçado da Serra do Mar que permitirá o uso de locomotivas mais potentes e vagões maiores. Na descida para Paranaguá, a curva na saída da Ponte São João já está em obras e será menos acentuada.
Segundo a empresa, as locomotivas serão substituídas por modelos ES, mais modernas e com maior capacidade de tração na subida. “As locomotivas usadas hoje têm, em média, 35 anos. As novas conseguem carregar mais vagões, têm mais aderência, melhor frenagem e aceleração. Além disso, são mais sustentáveis e emitem 60% menos gases”, destaca o diretor institucional da Rumo, Guilherme Penin.
A troca dos vagões que farão o transporte de grãos também está no plano de expansão. A previsão é dobrar a capacidade de transporte por vagão e, com isso, aumentar o volume transportado por trem para até 8 mil toneladas.
EFICIÊNCIA – Atualmente, Paranaguá conta com 70 quilômetros de linhas férreas, 7,5 deles instalados no Corredor de Exportação do Porto. A integração entre porto e ferrovia é fundamental para garantir competitividade e eficiência nas operações, já que os trens oferecem regularidade no fluxo operacional e segurança no transporte.
De acordo com o diretor de Operações da Appa, Luiz Teixeira Júnior, a capacidade para descarga férrea no Porto de Paranaguá é de 32 milhões de toneladas/ano, o que equivale a 1.785 vagões por dia.
Hoje, um único vagão consegue transportar 45 toneladas de produtos, ou seja, cinco toneladas a mais do que um caminhão. Para se ter ideia de como essa capacidade tem impacto direto no tráfego nas rodovias é preciso considerar que, para carregar um navio, são necessários 1,5 mil vagões, enquanto a mesma quantidade de carga necessitaria 1,8 mil caminhões para o transporte.
CARGAS – Entre os principais produtos movimentados em Paranaguá, transportados por ferrovia, destacam-se o açúcar (80%), milho (35%), soja (28%) e farelos (18%), além de contêineres (12%), óleos vegetais (4%) e fertilizantes (2%).
Para a descarga de grãos via ferrovia, o Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá e o Silo Público contam com duas moegas – equipamentos para recepção e destinação dos produtos. Já o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) é líder no mercado brasileiro no modal. O terminal é o único do país com conexão ferroviária direta e 15% da carga movimentada, cerca de 6 mil contêineres/mês, chegam pela ferrovia.