Crônica da Katia Muniz- Mulheres

Mulheres

537177_250360158430555_1992762965_nPor: Katia Muniz                                                                   cronicaskatia@live.com

 

Achamos que seria mais fácil. Que conciliaríamos, sem tanto sacrifício, a nossa vida profissional com as demais tarefas. Erramos feio.

É verdade que nos esforçamos com louvor para dar conta dos inúmeros papéis, que cada vez mais, assumimos, mas o resultado de tanto empenho, para muitas, ainda é frustrante.

É uma ilusão acreditar que seríamos mães dedicadíssimas, esposas cuidadosas, profissional exemplar, mulher segura e bem resolvida. Não somos nenhuma mulher-maravilha, apesar de muitas vezes querermos aparentar que somos.

Um olhar mais atento perceberá em nós mulheres sufocadas, sobrecarregadas, angustiadas, carentes, com o coração em solavancos, tentando vencer as duas, três e até quatro jornadas diárias.

E a sociedade ainda exige de nós esteticamente um corpo magro, uma pele sem rugas, celulite zero, condicionamento físico, maquiagem bem feita, cabelo impecável, manicure, pedicure e depilação em dia. E há quem queira dar conta dessa demanda.

Pagamos um preço alto.

Vivemos em alerta, em prontidão, ativas, agitadas, correndo de um lado para outro, distribuindo meias porções de nós por onde passamos.

Sofremos internamente, mas vamos tentando resolver nossos questionamentos na fila do açougue, enquanto pagamos as contas, levamos as crianças para escola ou elaboramos o cardápio do almoço.

Terceirizamos a educação dos nossos filhos. Não vimos quando eles começaram a engatinhar, a andar e quando bateram palminha. E carregamos um caminhão de culpa por isso.

A nossa casa entregamos para a secretária do lar. É ela quem dá um jeito para que as coisas funcionem em harmonia. Mas as secretárias do lar também são mulheres e volta e meia faltam ao trabalho para levar dois dos quatro filhos que tem ao médico. E nossa vida vira um caos.

Há mulheres mais calmas. Ainda bem! Elas conseguem levar a vida de maneira mais leve, mesmo com tantas obrigações. E há também um batalhão de estressadas e ansiosas, sérias candidatas a sócias do Rivotril.

E entre ganhos e perdas, entre a luta constante do ser e do ter, vamos nos equilibrando na vida, no salto alto, com um batom nos lábios e esmalte nas unhas, meio enlouquecidas, é fato, mas sem jamais perder a pose.

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