Crônica da Kátia: A urgência do tempo

kátia-muniz2Por: Katia Muniz                                                                              katiacronicas@gmail.com

Juro. Eu não senti o tempo passar.

Era ontem quando desejei a muitas pessoas os votos de um feliz ano novo. E ele já vem findando.

O tempo seguia os passos de uma tartaruga quando eu tinha 10 anos. Quantos séculos se passaram até eu alcançar a maior idade?

Aos 18, ficava imaginando o rosto que eu teria aos 30 e aos 40. E passou tudo tão rápido que eu não lembro mais. Recorro às fotos para enxergar o passado.

Qual o motivo de tanta pressa? Eu nem bem entrei nos 45 do meu segundo tempo! Ainda almejo prorrogação. Vá com calma, siga devagar.

Eu não tinha todos esses cabelos brancos que de repente apareceram.

E eu sorria sem que meus olhos denunciassem algumas marcas de expressão.

Onde larguei meus óculos?

Juro. Eu não senti o tempo passar.

E, por não sentir, sobra aquela sensação de não ter vivido como se deveria. Sobra aquela sensação de água escorrendo entre os dedos. Sobra aquela sensação de querer apertar a tecla rewind.

As luzinhas estão colocadas, cintilando nas ornamentadas árvores de natal. Elas enfeitam e decoram ambientes, enquanto um monte de gente lota lojas pendura sacolas nos braços e desfalca os bolsos.

É o sinal do mês de dezembro. O mais urgente de todos os meses.

A folhinha no calendário permanece solitária. Perdeu as amigas que o tempo tratou de carregar.

E lá se vão mais 365 dias sem que eu tenha sentido passar.

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