Crônica do Dia com Katia Muniz

kátia-muniz2Vai passar

Por: Katia Muniz

De volta aos bancos escolares.

Tudo novo, tudo mágico, tudo grandioso, tudo assustador.

Informações novas, matérias diversificadas, professores-doutores, conteúdo intenso e extenso. É preciso derrotar o monstro que começa a tomar forma e tamanho.

O coração se expande com amigos novos. Dividem agonias, cansaço, lamúrias e algumas histórias de vida, no apertado e cronometrado momento de intervalo.

Cidade grande costuma virar gigante quando quem a percorre tem pouca estatura.

Metrópole cinza, concretada, prédios altos. Pessoas. Muitas pessoas com seu ritmo apressado, firme, envolvidas com seus problemas e suas telas de iphones e smartphones. Arrancar-lhes um sorriso é tarefa árdua. Talvez o frio, por natureza, os tenha empacotado.

Carros, buzinas, vidros fechados, trânsito caótico. Para os pedestres o sinalizador indica o bonequinho vermelho: PARE! Todos os transeuntes automaticamente viram estátuas. Bonequinho verde, passagem liberada. Há um batalhão que atravessa junto. A sensação de estar sendo perseguido é constante. Estar sozinho é um luxo.

Barulho. Poluição sonora e visual. Panfletos entregues por mãos automatizadas oferecem desde curso de informática até os serviços de videntes que prometem fazer você encontrar o tão sonhado e perseguido “amor”.

Fila para comprar uma caixinha de chicletes, para comprar pão, para pegar o elevador, para receber a nova apostila do cursinho. Outra? Mais uma? Mais matéria?

Come-se qualquer coisa, bebe-se muita água e café. Ansiedade e estresse descontados na comida elevam o ponteiro da balança.

A serra que liga uma cidade a outra é linda! Não há dúvidas. Mas olhos cansados não enxergam mais a beleza, e a rotina exaustiva suplica a necessidade de fechar as pálpebras enquanto se faz o trajeto.

Horas infinitas dentro da condução. Certa noite, acidente na estrada com mortes anunciadas. Madrugada gelada, garoa fina. Pista liberada. São três horas da manhã quando fechadura e chave se reencontram para o giro magnânimo.

Desaba-se na cama. Não há sonho que se firme em poucas horas de sono. Não é possível atingi-lo na sua plenitude. Sonho com direito a começo, meio e fim é algo perdido no sono não repousante.

Alguém diz: “Vai passar. Ainda sentirá saudades dessa época”.

Enquanto não passa sente saudades da paz, do sossego e do silêncio que tão bem lhe cabem e a confortam.

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