Crônica do Dia: Descobrir-se pai

paaiisPor: Katia Muniz

O homem foi à Lua, inventou a lâmpada, o rádio, o telefone, a televisão, o celular, o computador e não cansa de descobrir, de inventar, de criar.

Mas sublime mesmo foi quando o homem descobriu que ele poderia ser pai. Não no sentido do ato da concepção, que isso já é sabido há tempos. Mas aquele momento mágico em que o homem resolveu deixar de lado comportamentos e hábitos incutidos pela cultura machista e, a partir daí, se entregar, se envolver, se deixar levar pelas emoções e, principalmente, não ter vergonha de mostrá-las.

Pais que marcam presença na sala de parto, que dão banho, que trocam fraldas, que preparam mamadeiras, que sabem os horários dos remédios, que levam as crianças para a pracinha.

Pais que vão às reuniões escolares, que sabem diferenciar um rabo de cavalo de uma maria-chiquinha, que seguram em um dos braços a sua filha e no outro uma boneca e que, pacientemente, aceitam e tomam todos os chás de faz de conta servidos numa xicarazinha rosa.

Pais que ensinam a andar de bicicleta, que chutam bola, brincam de lutinha, se embolam com os filhos na grama, no tapete, em cima da cama, na areia da praia.

Pais que dão bronca, que orientam, que pegam no pé, que falam sobre sexo, que dialogam, que contam experiências próprias, que fornecem exemplos sadios.

Pais que acordam de madrugada para buscar os filhos e os amigos dos filhos na balada, que permitem que a turma toda acampe pela sala, como uma forma de não perdê-los do raio de visão.

Pais que choram, preocupam-se, emocionam-se, exteriorizam palavras e sentimentos e deixaram de ser engessados, mas que, em hipótese alguma, se tornaram menos homens por causa disso.

Pais que se descobriram pais em seus infinitos papéis deixarão marcas de amor em seus filhos. Marcas, que muitas vezes, podem levar anos para serem entendidas e assimiladas pela prole. Mas, quando acontece, é mágico, é encantador, é arrebatador.

Inegável que o homem é responsável por invenções que mudaram para sempre a nossa vida, mas formar cidadãos do bem ainda é o melhor legado que se possa deixar para a humanidade.

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