Crônica do Dia

Crianças, autógrafos e livros

kátia-muniz2Por: Katia Muniz

 

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Biblioteca Mário Lobo, vinte e oito de setembro de dois mil e quinze, noite de autógrafos dos premiados no II Concurso Literário de Paranaguá, nas categorias: poesias, contos e crônicas.

Eu fui selecionada e estava lá para autografar os livros que foram objeto da premiação.

Escolhi a mesa que ficaria, ajeitei-me e mãos à obra.

Na fila, para receber a dedicatória, estavam amigos, familiares e leitores. De repente, eis que surge na minha frente uma criança. Sentada, nem precisei erguer os meus olhos para encontrar com os dela. Estávamos niveladas.

A cena se repetiu mais vezes.

Havia crianças no recinto. Todas ávidas por um autógrafo. Não só o meu, mas dos demais colegas escritores que estavam ali com o mesmo propósito.

Criança, por si só, é sinônimo de esperança. Criança com um livro nas mãos é esperança em dobro.

Não fiquei sabendo quem eram os pais delas, mas quero deixar registrados os meus parabéns!

O espaço escolhido para a realização do evento foi o infantil. Estávamos rodeados de cores, de títulos voltados para a criançada, fantoches, poltronas confortáveis e imagens de personagens famosos do mundo infantil colados à parede. Tudo propício.

Pensei: essas crianças poderiam estar em casa vendo novelas que não são apropriadas para a idade delas ou poderiam estar com os olhos grudados nas telas tecnológicas, jogando e teclando sem parar. Mas não. Estavam em uma biblioteca, apreciando uma noite de autógrafos. Serelepes, afoitas de mesa em mesa para colher o maior número de assinaturas. Interagindo, sorrindo, socializando, olhando nos olhos das pessoas, conversando, dizendo onde queriam o autógrafo, indicando a página, falando o seu nome, agradecendo, vivendo.

Esses dias, fiquei comovida com a história de um menino que virou médico estudando em livros encontrados no lixo. Relatei sobre isso aqui, na coluna.

Reconheço e admiro o esforço das pessoas que se dedicam a implantar a literatura em um país que não lê e em que os governantes não estão nem aí para nós. Para eles, quanto mais ignorantes formos mais manipuláveis nos tornamos.

Leitura e a busca pelo conhecimento são capazes de reverter esse quadro.

Crianças na biblioteca, crianças com livros nas mãos, crianças lendo.

Levantemos nossas mãos ao céu! O Brasil há de ter salvação!