Registro dos toques dos mestres de Fandango foi iniciado em Paranaguá

Os saberes e repertório de quatro mestres fandangueiros ficarão para a história em vídeo sendo disponibilizado no youtube

toques de mestre 4Lia Marchi apresentou o projeto “Registro de Toques dos Mestres do Fandango” e foi aprovado no edital lançado pela Fundação Municipal de Cultura (Fumcul) neste ano.

No último dia 24, a primeira gravação ocorreu em Paranaguá. O projeto registrará os saberes e repertório de quatro mestres fandangueiros em vídeos que serão disponibilizados online gratuitamente. O trabalho dos mestres Brasílio Santos Ferres, Waldemar Cordeiro, Anísio Pereira e Zeca Martins.

toques de mestre 2A ideia é gravar registros nos quais os mestres toquem seu repertório e comentem os toques para que os mesmos sejam preservados para que estes vídeos possam servir também como ferramentas de estudo para interessados em conhecer, aprender e tocar o fandango, tanto em Paranaguá quanto em outras localidades.

A proposta é deixar disponível online um repertório que permita difundir os toques do fandango. O fandango é um patrimônio imaterial e o projeto foi aprovado dentro do segmento de cultura caiçara.

toques de mestre zecaOs vídeos terão uma duração variada, aproximadamente, entre 40 segundos e 60 segundos. Todos serão disponibilizados no youtube, centralizados no Canal OlariaCultural.

A coordenação do projeto está a cargo de Lia Marchi que é cineasta, pesquisadora, professora e produtora que em seus livros e filmes aborda o rico universo das comunidades tradicionais e dos sons e sentidos das culturas locais.

Fotos: Guilherme Romanelli

“Não vamos deixar acabar o Fandango”, garantem mestres fandangueiros

Durante roda de conversa neste sábado, dentro da programação da 6ª Festa do Fandango, foram discutidos os desafios desta manifestação cultural típica de Paranaguá e dos litorais do Paraná e São Paulo. Fotos: Márcio Tibilletti

16981Um dos principais desafios enfrentados pelos amantes da cultura caiçara é manter vivo o Fandango, principal manifestação de Paranaguá e de outras cidades litorâneas do Paraná e São Paulo. E o tema foi uma das principais tônicas da roda de conversas com mestres fandangueiros na manhã deste sábado, no Solar dos Dacheux, que está sendo desde ontem palco da 6ª Festa do Fandango Caiçara de Paranaguá, uma promoção da Prefeitura, por meio da Fundação Municipal de Cultura (Fumcul).

16984A platéia era composta na maioria por estudantes universitários de História e Artes interessados no Fandango, bem como produtores de Curitiba e membros de grupos locais e de outras cidades.

Presentes estavam os mestres Nemésio, do grupo Pés de Ouro, Aorélio Domingues, do Mandicuera, ambos de Paranaguá, e também Cleiton Martins, do Manema, de Iguape – São Paulo, e Zé Muniz, de Guaraqueçaba. A mediação foi feita pelo professor Ari Jordani, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), pesquisador de Fandango.

16985Em tom de brincadeira, Aorélio falou que pensa em deixar o Fandango porque outros mestres estão morrendo. Bastante jovem comparando com outros mestres, ele falou sério na hora de expressar seu amor por essa manifestação cultural. “Nossa idéia é levar cultura popular para os jovens”, comentou o mestre fandangueiro, que faz parte da associação que atua na confecção de instrumentos como rabeca e adufo, além de preservar tradições locais como a Folia do Divino, o Boi de Mamão e o Terço Cantado.

Mestre Nemésio, aos 66 anos, preocupa-se em passar a tradição desta manifestação cultural para a atual e às futuras gerações. De forma descontraída ele também brincou com o fato de muitos mestres fandangueiros que conhece já terem falecido e também garantiu: “Não vamos deixar acabar o Fandango”.

tn_16983Paranaguá tem 4 grupos de Fandango. Todos recebem incentivos da Fumcul. A presidente da entidade, Maria Angélica Lobo Leomil, destaca que manter essa manifestação viva “é uma ação difícil, com um trabalho sempre intenso”. “Dentro dos próprios segmentos existem disputas que a gente tem que a necessidade de primeiro unir e que todos precisam valorizar um ao outro”, explicou.

16986Neste momento, os esforços estão concentrados, ainda de acordo com Maria Angélica, na valorização do segmento “e entender a cultura como um todo”. “Para que depois a gente possa fazer essas ações para fora, para o munícipe e para o turista. Neste momento estamos buscando fazer com que os grupos entendam a cultura e de que forma ela tem que ser trabalhada e divulgada”, completou.

As discussões serviram ainda para que os grupos saibam sobre as qualidades e os problemas enfrentados, buscando a união de esforço, conforme a presidente da Fumcul. “Porque, senão, fica numa queda de braço entre os grupos e entre as áreas na cultura caiçara e a gente não avança. Essa oxigenação é nesse sentido, a gente criar a identidade da cultura caiçara e quando conseguir sedimentar vamos conseguir divulgar e conseguir outros adeptos”, destacou Maria Angélica.

MAIS EVENTOS

16987A programação da 6ª Festa do Fandango incluiu ainda a Conferência “Patrimônio Vivo: das Políticas de Transmissão à Transmissão de Políticas”, com apresentação de Maria Acselrad, do Departamento de Artes da Universidade Federal de Pernambuco. Em seguida, a Fumcul ofereceu Barreado aos participantes das discussões no período da manhã.  No período da tarde aconteceu mesa de discussão sobre Planos de Manejo e Sustentabilidade do Fandango Caiçara. E ainda, lançamento do projeto “Artesanias Caiçaras: a Sustentabilidade do Fandango através da construção de instrumentos musicais”.

Fonte:PMP