Crônica do Dia: Caçar

RMIs0gkPor: Kátia Muniz

Meu amigo, minha amiga, a ordem agora é caçar.

Você precisa caçar alguma coisa para não se sentir tão fora da turma e não correr o risco de ser comparado a um alienígena.

Cace rã, cace emprego, cace um namorado ou uma namorada, cace um livro, cace um filme e cace, se você gosta, os bichinhos do tal jogo que, atualmente, virou febre. Não vá me dizer que você não sabe do que eu estou falando!

Eu também caço. Sossegue. Não se apresse com as conclusões e deixe-me completar a frase: Eu caço assuntos e palavras.

Geralmente, as pessoas tendem a achar que as crônicas saem, assim, num sopro. Não fazem ideia do quanto eu tenho que caçar. Tarefa árdua, não se iluda.

Estou o tempo todo caçando, radar ligado até que, de repente, soa o alarme dentro de mim. Pronto. Chegou o assunto, agora pode pular para a fase dois: caçar as palavras para desenvolvê-lo.

Que útil seria um aplicativo baixado no meu celular, similar a do joguinho, me avisando os pontos, na cidade, em que eu tenho que ir para me abastecer da munição necessária para o desenrolar da escrita. Em vez de “PókeStops” um “PókeWords”!

“Vire-se com o cotidiano, Kátia. E faça bom proveito”, diz a voz da minha consciência.

E foi o cotidiano e o filho pré-adolescente que me apresentaram a nova mania. Eu não me rendi, mas também não faço auê e minimizo reclamações.

Sou grata aos tais bichinhos do jogo por me fornecerem o assunto que preencheu a coluna do jornal.

Mas convenhamos, de nada adianta escrever sem ser lida. E agora vem a parte boa do meu combate: Se você leu o texto, eu capturei você. “Game over”.