Crônica do Dia: O amor e o tanto faz

kátia 1Por: Kátia Muniz
O amor não é linear. A gente não ama da mesma forma todos os dias.
Amamos, mas há dias que a gente não quer ver o outro, quer conversar o mínimo possível, quer silêncio, quer um espaço, quer uma paz individual.
Há dias que as mensagens no WhatsApp se fazem desnecessárias, ligar nem pensar e assistir a um filme juntos não é uma boa ideia.
Há dias que o amor veste a roupa da raiva, da mágoa, do descontentamento, do desconforto, da desilusão, do me deixa em paz.
A gente ama, mas quer fazer uma viagem sozinho, quer fazer um programa com as amigas, quer jogar um futebol com a turma do trabalho, quer um respiro, uma quebra de rotina.
Amamos também quando temos vontade de sumir, de chutar o balde, de programar a vida de um jeito diferente.
Tudo isso confunde, deixa a gente pensando que o amor fez as malas. Mas, quando ajustamos o foco, entendemos que, muitas vezes, o amor é contraditório. Faz looping na montanha-russa dos sentimentos, mas depois o carrinho desacelera e estaciona no trilho.
Porque há dias em que o amor parece não ser amor, mas ainda é.
A bagunça toda é só por um momento, um período, uma data, uma fase. Passada a turbulência, as mãos são dadas e a vida segue.
Amor só não é amor quando se instala o tanto faz: tanto faz se um bom-dia foi dado, tanto faz se o outro está gripado, tanto faz se vai trabalhar ou se é o dia da folga, tanto faz se comeu ou se está de dieta.
Tanto faz se está em casa ou não, se vai sair ou está chegando, se está vestido ou se está nu.
O tanto faz são olhos acostumados. Olhos que já não mais enxergam o outro.
Tanto faz é você não mais pertencer, não estar mais inserido no contexto, é não fazer falta, é saber que o outro não sente a tua presença e já não mais percebe a tua existência.
Tanto faz é a morte do amor, mesmo com o outro ainda respirando.

Crônica do Dia: Abraço

abraçoPor: Kátia Muniz

“No abraço a gente entrega o quanto ama”. Fernanda Estellita.

Não é novidade, pelo menos para quem me acompanha, que costumo, muitas vezes, dar a largada para meus textos usando como base frases que me tocam.

A que abre esta crônica, caiu como uma luva para celebrar o Dia do Abraço, em 22 de maio. Continue lendo

Crônica do Dia: Ela se chama Maria

18341818_1039807852819111_8690260596138685633_nPor: Kátia Muniz
Diga, mãe, que você vai continuar a me dar colo, a me fornecer os abraços mais aconchegantes, a depositar beijos no meu rosto e a me emprestar os seus ouvidos.
O tempo está passando. Para que tanta velinha em cima desse bolo? Mais uma idade inaugurada, mais rugas instaladas sem permissão e algumas dores que insistem em dizer que você não tem mais vinte anos. Continue lendo

Crônica do Dia: Quando o amor chega

Almas que se encontramPor: Kátia Muniz

Ah, garota, você quer amar que eu sei! Você e a torcida de todos os times. Você procura a sua cara metade, procura a tampa para sua panela, procura a metade da laranja, procura alguém para chamar de seu.

Então, a partir daí, define que o primeiro passo é a produção. E lá se vão rios de dinheiro em cremes, em roupas, em perfumes e em maquiagens.

Você gasta horas na frente do espelho fazendo a chapinha, delineando os olhos, tirando e colocando roupas, até que dá o veredito final. Estou pronta!

Na balada, vê um cara lindo e decreta: é ele.

Praticamente, você quase se desmonta de tanto dançar. Rodopia o cabelão de um lado para outro, senta um pouco, cruza as pernas e o cara, nada.

Achando que o tal rapaz não enxerga direito, você resolve ir mais perto. Continua dançando e botando para fora a Beyoncé que há dentro de você. Em vão.

Volta para casa bocejando na companhia de uma dor de cabeça tremenda. Não foi dessa vez. Quem sabe num outro dia.

No próximo final de semana, sabe-se lá por quais motivos você não quer sair. Veste uma calça de moletom, uma camiseta com estampa do Mickey, prende o cabelo meio de qualquer jeito, não passa batom e decide, assim, toda à vontade, ir ao supermercado comprar umas coisinhas para comer em casa, enquanto vê um bom filme.

Tcha-ran! Olha lá o seu príncipe escolhendo uns tomates! E já te deu bola, percebeu?

Percebeu, sim. E, entre uma gôndola e outra, trocam números de telefones. Depois de alguns telefonemas se encontram. De tanto se encontrarem, namoram. Até que o happy-end aconteceu: casam-se.

Você não acredita? Acredite. Fui madrinha.