Crônica do Dia: Libere espaço

sddefaultPor: Kátia Muniz

Todo final de ano, eu sigo o mesmo ritual: promovo uma grandiosa faxina na minha casa.

Abro armários, vasculho cantos, remexo caixas, reviro pertences. Decido: isso segue comigo, essas roupas podem servir para doação e tudo isso aqui, lixo. Xô! Continue lendo

Crônica do Dia: O bem e o mal

Por: Kátia Muniz

O-lado-bom-e-ruim-de-cada-signo-1Lembro-me, ainda com pouca idade, ouvir que o bem sempre vence o mal. As histórias infantis, enfaticamente, retratavam as personagens do bem se debatendo em vários capítulos, lutando contra os vilões. Mas o término sempre enaltecia o bem, que ressurgia cheio de forças e com finais felizes.

Fui crescendo e percebendo que vilões também saltavam da ficção e se materializavam na vida real. O mal rondava, mantinha-se à espreita, era preciso manter-se atenta. Continue lendo

Crônica do Dia: Sarau Cultural

katia-muniz2Por: Kátia Muniz

A tarde do último dia 21/10 poderia ter sido como outra qualquer. Aquelas tardes típicas em que a gente acaba fazendo a mesma coisa de sempre, presos a uma rotina que muitas vezes engloba estudo, trabalho e um olhar voltado para o nosso individualismo. Poderia, mas não foi.

O Rotaract Clube de Paranaguá Rocio resolveu chacoalhar qualquer monotonia e promoveu o Primeiro Sarau Cultural com o objetivo de valorizar a arte local em diversas áreas como: literatura, música e dança. Continue lendo

Crônica do Dia: Tudo bem

can-stock-photo_csp2433659Por: Kátia Muniz

– Está tudo bem contigo?

– Sim. Tudo bem.

Não. Não está.

Suas olheiras estão encostando no pé. Seu rosto denuncia cansaço. E o sorriso esboçado não condiz com a afirmação dita.

Claro, não convém retratar nossos problemas a cada um que nos pergunta se estamos bem. Não devemos ficar nos lamentando. Não pega bem reclamar de tudo e de todos.

Mas, aí é preciso combinar com o ator ou atriz que mora dentro de nós. Precisamos representar, convencer a contento. É necessário que o que sai da nossa boca também reflita, pelo menos, na nossa aparência e no visual.

Está tudo bem, mas você chora a noite antes de dormir.

Está tudo bem, mas você não se reconhece no espelho.

Está tudo bem, mas sua saúde não é das melhores.

Está tudo bem, mas cinco minutos atrás você xingava no trânsito.

Está tudo bem, mas a empresa que você trabalha está fazendo corte de funcionários.

É fantástico quando a pessoa consegue separar os problemas. Problemas do trabalho, ficam no trabalho. Problemas de casa, ficam em casa. Algumas possuem essa habilidade, outras adquirem com o tempo, e outras não dão para a coisa, misturam tudo, fazem um auê por qualquer motivo.

Não se lamente, mas interprete, dirija a si mesmo, encare a personagem. Muitas vezes é um recurso necessário.

Porque pior do que não saber representar é mentir pra si mesmo.

Encenamos, decoramos nossa fala, nos dirigimos.

Escolhemos o que queremos mostrar para consumo externo. O resto a gente guarda, esconde. Não há tomografia que detecte as nossas dores internas.

Não resolve sopro de mãe. Aquele mesmo sopro que ela deva no machucado dizendo que já ia passar. E passava. Agora não passa, dói, machuca, arde, dilacera.

Nossos gritos internos incendeiam, ganham propulsão, mesmo que nossa fala insista em dizer que está tudo tranquilo.

Há sempre alguma dor escondida por trás de um “tudo bem”.

Crônica do Dia: A beleza dos gestos

ternura do amorPor: Kátia Muniz

Já faz tempo. Havia me hospedado em um hotel, no centro de Curitiba. Estava retornando de um passeio, quando um homem alto, com um rosto que me pareceu familiar, segurou a porta de entrada do hotel para que eu pudesse passar. Justo eu que não sou de economizar sorrisos, entreguei a ele um bem farto, daqueles que só a boca não dá conta e, por isso, acaba usando o rosto inteiro. Agradeci o gesto, e ele respondeu com voz grave: “De nada”. Peguei o elevador com a dúvida martelando na minha cabeça: “Eu conheço esse cara de algum lugar!”. Depois de quase promover um curto-circuito interno nos meus neurônios, fui acometida com a real identidade do tal homem: Arnaldo Antunes. Ex-titãs e, agora, alçado à minha lista de homens gentis que cruzaram o meu caminho.

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Crônica do Dia: O tempo e o amor

kátia 1Por: Kátia Muniz

Diante dela, ele começou a falar:

Antes de tudo, eu quero te agradecer por ter aceitado o convite para o café.

Você não mudou nada, sabia? Ainda traz o jeito meigo, o mesmo olhar e as covinhas no canto da boca quando sorri. Exatamente do mesmo modo quando me apaixonei por você na nossa adolescência. Continue lendo